Uma Crônica... saindo um pouco da clínica Neurológica

Além de atender pacientes com problemas neurológicos, há quase 4 anos venho trabalhando também com crianças especiais, e meu primeiro desafio foi enfrentar meus "medos" e "conflitos" internos pois entendo que trabalhar com crianças, independentes de serem especiais é de grande responsabilidade pois ali existe um futuro imenso pela frente e dentro deste meu conceito julgo uma responsabilidade muito grande diantes destas crianças, já no adulto mais maduro e consciente de seus quereres e saberem decidir e dinstiguir o certo do errado, o peso desta responsabilidade diminui em meu conceito e em minha responsabilidade.

De um ano para cá venho administrando algumas palestras para varios tipos e classes de profissionais onde o tema principal é o AUTISMO, sim uma clínica desafiadora, complexa, e quando se olha pela primeira vez, porque não dizer apavorante. 

Apavorante é uma palavra forte, pois é o que justamente alguns PAIS, PROFISSIONAIS, AMIGOS do autismo vem lutanto dia a dia para justamente quebrar este conceito. Não digo Pré Conceito pois sei que muitos, mais muitos mesmos desconhecem o que é o AUTISMO ou um AUTISTA logo nem conceito tem. E a 

PRIMEIRA palavra para definir um AUTISTA é: ELE É UMA PESSOA!!! QUE VIVE NO MESMO MUNDO QUE NÓS VIVEMOS, QUE SENTE FRIO, CALOR, MEDO, DOR, ALEGRIA.... E percebe o mundo de forma PECULIAR. Como você, como eu!

E o que fiz para superar, encarar aquele "medo" e "conflito" que citei no início deste texto, foi ESTUDAR o que seria AUTISMO, bases biológicas, desenvolvimento psiquico-neuro-motor... ISSO dependeu e depende somente de mim... de meus esforços... mas meu PRINCIPAL APRENDIZADO foi quando eu olhei para uma criança AUTISTA e vi seu olhar, seu sorriso e enxerguei uma pessoa com vontade de querer, de fazer, de aprender porém apenas não sabendo ou melhor sabendo nos dizer isto e nós "ignorando" este pedido ou este querer. Foi ai que enxerguei é eles que vão me ensinar a ser alguém melhor e de mim apenas cabe a "ensina-los" como mostrar.

Nas palestras vejo que sempre tem culpados... GOVERNO, PAIS, ESCOLA NÃO PREPARADAS, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO, e me pergunto e nós? Estamos nós nos preparando? EU dependo do governo para ler uma pagina na internet? ou para compra um livro? 

SIM a responsabilidade de criar o filho autista é dos pais, mas será também não é minha como professor, como fisioterapeuta, psicologo, médico enfim orienta-lo? Ou será que eu vou ficar sentado esperando o governo me dar um livro ou um computador para eu saber o que é AUTISMO? Ou saber como falar com os pais deles? Melhor tirar essa responsabilidade das nossas costas né? e apenas culpa-los!! (Pobre é a pessoa que pensa assim)

AHHH... e uma coisa que escuto muito, se a palestra tem bases conhecimento científicos é uma palestra "chata", '"cansativa", "pesada" ou simplesmente "para que saber disto?" Minha resposta é simples se eu não sei como um relógio funciona porque vou desmonta-lo? Se eu não sei como é o desenvolvimento infantil seja no caráter neuro-psico-motor, porque trabalhar com crianças? Se não temos uma boa base de conhecimento, um bom alicerce nosso trabalho será apenas nosso trabalho, mas se temos e formos bem fundamentado nosso trabalho será um trabalho diferenciado e não somente em nossas vidas, mas na vida daquela criança, daquele AUTISTA, DOWN, WEST,PARALISIA CEREBRAL!!!!!!!!!! NÃOOOOOOOOOOO!!!!!!! Me recuso a utilizar estas palavras para defini-las.. mas seremos profissionais diferentes para aquelas CRIANÇAS que como nós um dia fomos!!! 

Receita de bolo como se trata? O que fazer? Que tal procura numa padaria talvez encontre... mas antes pegue a criança olhe para ela, abrace, crie vínculo, apresente-se a ela, o lugar, se coloque no lugar dela uma unica vez, só uma unica vez.... se dedique para ler, aprender com livros e principalmente com elas, ai sim você sabera que não precisa de receita e de como se trabalhar com aquela criança, porque você saberá pois cada PESSOA É UMA PESSOA, E CADA UM RESPONDE DE UMA MANEIRA UM ESTIMULO E UM APRENDIZADO!

Exitem profissionais especializados, existem instituições especializadas e nenhuma dela fechara a porta para conversar ou esclarecer qualquer que seja a dúvida. 

(Rafael Fontenelle)